

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P. CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE ÉVORA SERVIÇO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE ÉVORA
Joaquim Charneca
Portefólio Reflexivo de Aprendizagens
Autobiografia
Eu, Joaquim Inácio Macau Charneca, nasci no dia 11 de Maio de Maio de 1978 por volta das 12:45 no Hospital de Espirito Santo em Évora. Tinha cerca de 3 Kg e fui o primeiro de 2 filhos resultantes da união dos meus pais. Com apenas alguns dias de vida levaram-me para a pequena e única aldeia de Santana do Campo, pertencente ao concelho de Arraiolos, distrito de Évora. Foi nesta linda e pacata terra que sempre vivi e aprendi a ser tudo o que sou hoje, da qual tenho muitas e boas recordações. Enquanto criança tive uma infância normal e igual à de todos os meus amigos (e de todas as crianças da minha geração). Ainda sou do tempo em que passava dias inteiros a brincar na rua, em que sujava as mãos e saltava nas poças de água sem medo de reprimendas. Fiz a primária na escola de Santana do Campo ainda numa altura em que só tinha escola na parte da manhã ou na parte da tarde. No restante dia ia aos pássaros com os meus amigos, com fisgas feitas por nós (com a ajuda dos pais e avôs, até termos autorização para usar uma pressão de ar alguns anos mais tarde). Brincava “atrás dos quintais”, no meio de pedras e árvores e construía barracas, com os meus amigos, feitas de paus e ramos das árvores e ficávamos orgulhosos das nossas construções e originalidade, tal a nossa ingenuidade (sim, porque não fazíamos mais do que qualquer criança na altura faria). Jogava ao berlinde, ao pião e à apanhada. Ingenuidade essa que se foi perdendo com o tempo quando fui para o secundário.
Aos 10 anos fui estudar para Arraiolos, em que saía de casa muito cedo e só chegava muitas vezes já de noite. Um pequeno percurso de 8 Km no autocarro da rodoviária que nos primeiros tempos parecia uma enorme viagem para um mundo completamente diferente. Nesta escola estudei do 5.º ao 12.º ano sem nunca ter reprovado. Quando terminei o 9.º ano e chegada a altura de escolher a área em que queria prosseguir os estudos optei por escolher o curso tecnológico de administração. Joguei andebol durante muitos anos (sensivelmente entre os 13 e os 18 anos), comecei na equipa da escola em que competíamos no desporto escolar, com escolas de todo o distrito de Évora. Com o passar do tempo a maioria dos jogadores começaram a gostar cada vez mais deste desporto e decidimos então deixar o desporto escolar e continuarmos a jogar mas de uma forma mais competitiva. Criámos uma equipa com jogadores do concelho de Arraiolos e participei em campeonatos regionais e distritais, chegando mesmo a representar o distrito de Évora no apuramento para o campeonato nacional. Durante estes 8 anos que frequentei nesta escola fiz muitas e boas amizades, algumas delas ainda se mantêm nos dias de hoje. Conclui o 12.º ano em 1996 com uma média de 14 valores, mas nunca pensei em seguir com os estudos, na altura parecia-me mais lógico começar a trabalhar para ganhar dinheiro e começar a criar a minha própria independência (se fosse hoje talvez a minha decisão hoje fosse diferente…). Tirei a carta de condução cinco meses após fazer os 18 anos, fazendo tanto o código, como a condução logo à primeira.
Quando saí da escola fui logo trabalhar, o meu primeiro emprego foi em hotelaria, na pousada de Nossa Senhora da Assunção em Arraiolos, que pertencia na altura à Enatur – Pousadas de Portugal. Aqui fazia de tudo um pouco, trabalhei no bar, restaurante, copa e até na lavandaria, mas foi na parte da receção onde estive a grande maioria do tempo. Trabalhei aqui cerca de 1 ano e 2 meses, altura em que fui aceite para ir trabalhar para uma fábrica em Évora, chamada Siemens Matsushita. Não hesitei nem por um segundo, principalmente quando soube que iria ter um estágio numa fábrica na Alemanha. Assinei contrato no dia 21 de Janeiro de 1998 e parti para Heidenheim no dia 16 de Fevereiro, durante estes dias tive aulas de alemão para ajudar na adaptação. Estive na Alemanha até dia 03 de Outubro desse mesmo ano, apenas alguns meses mas vividos sempre de forma muito intensa, posso mesmo dizer que aqui vivi alguns dos melhores momentos da minha vida. Adorei esta experiência e cresci muito, tanto a nível pessoal como profissional. O facto de ir para outro país, uma língua e uma cultura diferentes, sair da casa dos meus pais, ir morar sozinho e tornar-me independente provocaram-me algum receio, mas simultaneamente uma grande motivação para encarar este desafio. Foi uma altura crucial no meu desenvolvimento, o facto de lidar com tanta gente desconhecida, diferente, com os mais variados feitios, gostos e personalidades. Estes meses passados lá fora, no centro da europa, deram-me uma excelente oportunidade para fazer uma coisa que eu adoro… Viajar... E viajei muito… Todos os fins-de-semana eram passados em locais diferentes, um pouco por toda a europa, era uma rotina partilhada pela maioria dos portugueses que estavam na mesma situação que eu. Na 6ª feira quando saiamos do trabalho íamos a Giengen (uma cidade próxima) a ver quem chegava primeiro para escolher o melhor carro, dependendo da quantidade de quilómetros que estimávamos fazer. Deixo aqui a referência a algumas dessas viagens, também de forma a recordar: Fui a Paris e Estrasburgo em França, fui várias vezes à Suíça, quase sempre a Zurique e também passeei pelos alpes. Na Áustria tive a oportunidade de conhecer Salzburgo e principalmente Viena, cidade esta, que foi provavelmente a que mais gostei de conhecer pela sua história e arquitetura. Passei pelo Luxemburgo, e conheci Amesterdão na Holanda. Dentro da Alemanha também viajei muito e visitei algumas das maiores cidades como Berlim, Dusseldorf, Colónia, Frankfurt, Ulm, Estugarda (onde fui várias vezes a um restaurante português muito bom), Munique e Fussen (onde conheci o castelo de Neuschwanstein, que deu origem a muitas histórias da Disney), só para citar algumas das viagens. Quando regressei a Portugal, fiquei a desempenhar funções de operador até terminar o curso de eletromecânico. Como trabalhávamos por turnos, o curso foi pós-laboral que durou cerca de 10 meses e foi tirado no centro de formação de Évora através de uma parceria entre a fábrica e o IEFP. Após terminar o curso continuei a formação no local de trabalho, integrado numa equipa de manutenção. Estive também cerca de 2 anos em horário central a dar formação a operadores e mecânicos em 2 secções diferentes. Em 2005 passei a ter mais responsabilidades quando, após 6 meses em que estive à experiência, fui promovido a Chefe de equipa, onde orientei equipas de produção e manutenção em várias secções. Durante os 16 anos que estive na fábrica tive oportunidade de frequentar várias formações, desde qualidade, ambiente, mecânica, formador, liderança, entre outras. Nos últimos 4 ou 5 anos a própria direção da fábrica começou a fazer alterações, à medida que o tempo ia passando, já ninguém sabia bem que papel desempenhava e foi nessa altura que comecei a pensar que talvez o melhor para mim fosse mudar, sentia essa necessidade de fazer algo diferente na vida. Quando se começaram a ouvir rumores que a fábrica ia fechar então tive a certeza que esse era o empurrão que estava a precisar para a tão desejada mudança. Era a oportunidade de fazer alguma coisa por mim próprio, de mudar de vida. Em Junho deste ano terminou a minha ligação à fábrica e desde então tive muito tempo para pensar bem o que queria fazer e qual era o projeto que queria abraçar. Sempre gostei de cozinhar e de “inventar” algumas coisas, embora não tenha bases e quase nenhuma experiência. Mas sempre foi na parte da pastelaria que tive mais interesse e era este ramo me imaginava a seguir como profissão. Não pensei duas vezes quando surgiu esta oportunidade de frequentar a formação de técnico de cozinha e pastelaria, aliar as duas coisas e aprender as bases e os termos técnicos. Espero eu, que quando terminar o curso, todos os conhecimentos adquiridos me serão muito úteis num futuro próximo.